Por Cátia Cananéa
O rock n’ roll é patrimônio da humanidade e é impossível pensar nesse estilo musical sem se lembrar de bandas históricas como Beatles, Kiss, Deep Purple… e o que falar então de um dos precursores dessa história toda, Jimmy Hendrix? Quem aprecia solos elaborados provavelmente vai concordar comigo que as guitarras não teriam tido a mesma importância sem ele.
Bom, a gente vai deixar a nostalgia de lado pra falar um pouco das bandas boas que surgiram nos últimos tempos. Afinal, ao contrário do que muita gente andou dizendo por aí, o rock n’ roll não morreu coisa nenhuma.
Na seleção que eu destaquei figuram apenas as bandas mais conhecidas do que as pessoas chamam de rock alternativo, ou indie. Chame como quiser, para mim, é rock de qualidade. Bandas que tem composições próprias e não deixam os fãs na mão quando fazem performances ao vivo.
Coldplay
Chefiados pelo vocalista Chris Martin, esses ingleses já faziam sucesso entre o público jovem da Grã-Bretanha no começo dos anos 2000. As letras agradam bastante por estarem incrustadas de sentimentos de uma forma bem profunda, as vezes até melancólica, mas que encaixam incrivelmente bem nas composições. O primeiro album, Parachutes, foi lançado pela gravadora Parlophone e músicas como Yellow e Trouble foram pulverizadas pelo velho continente.
Foi com Rush of Blood to The head, de 2002, que a música Clocks, com a melodiosa e bem conhecida introdução ao piano, lançou o Coldplay aos palcos do mundo todo. Em 2005 saiu X&Y, que traz as muito boas Fix You, The Hardest Part e Swallowed in The Sea.
No ano de 2008 eles lançaram o Viva La Vida, com a faixa que dá título ao album, o hit Lost gravado com Jay Z e a também muito boa Strawberry Swing.
The Killers
Diz a lenda que o guitarrista Dave Keuning colocou um anúncio no jornal de Las Vegas procurando pessoas apaixonadas por Oasis para montar uma banda, e foi assim que ele conheceu Brandon Flowers. Eu ainda não assiti a alguma entrevista em que eles confirmem isso, mas já é uma história legal para falar da banda.
Somebody Told Me, Mr. Brightside e Jenny Was A Friend Of Mine se tornaram hits tão logo foram lançadas. O Primeiro album, Hot Fuss, veio recheado de efeito dos sistetizadores, mas em arranjos bem montados, o que tornou as músicas fáceis de memorizar e há também refrões intrigantes: “Alguém me disse que você tinha um namorado, que mais parecia namorada, e que eu peguei em fevereiro do último ano. Isso não é confidencial, eu tenho potencial”…
Eles lançaram em seguida Sam’s Town, com um estilo mais distante do album anterior pois trouxe um pouco mais de intensidade às guitarras e talvez uma sonoridade menos pop em músicas como When You Were Young e Read My Mind.
O terceiro album surgiu mais diferente ainda, Day & Age começa com Losing Touch que conseguiu, na minha opinião, traduzir no início da música um certo ‘estilo Las Vegas’ e tendo nos ultimos 40 segundos um instrumental bem interessante, é a melhor faixa num album que conta ainda com Human, Spaceman e The World We Live In.
Eu já gostava bastante da banda quando ouvi pela primeira vez Sawdust, um album de composições Lado B e alguns covers. Particularmente, eu não consigo entender o porquê de uma faixa como All The Pretty Faces ter sido cortada. É fantástica. Parece que encaixa um pouco do estilo de cada album da banda em uma só música e até a letra tem bastante a ver comigo. Outra faixa fenomenal é Daddy’s Eyes, é fácil e sexy. Sabe quando você escuta uma música e não consegue controlar o prazer que emana do seu cérebro? Ela é assim, adorável. Não posso deixar de citar o bem comentado cover do Joy Division, Shadowplay, a banda teve a maturidade necessária para gravá-la daquela forma.
Franz Ferdinand
A trupe do vocalista e guitarrista Alex Kapranos é uma banda organizada desde 2003, antes disso ele, Paul Thompson (batera), Nick McCarthy (guitarra) e Bob Hardy (baixo) tiveram vidas errantes em outras bandas na Escócia. Até que em 2004, com um contrato de uma grande gravadora, eles surgem com o album homônimo e os hits instantâneos Jacqueline, This Fire, Michael e o primeiro grande sucesso Take Me Out. A crítica foi muito boa e as vendas de cds melhor ainda, não só na Europa como também nos EUA, na Austrália e em terras Tupiniquins, por que não?
O Franz faz um som cheio de energia e criatividade, que pode ser notado no trabalho seguinte. Escutar Do You Want To, Walk Away, You’re The Reason I’m Leaving, What You Meant e You Could Have It So Much Better (essa dá nome ao trabalho), assim, as 5 na sequência, como estão no album, é um prêmio incrível e que eu não me canso de apreciar, muito digno. Album completamente indicado para qualquer pessoa que goste de rock. Já ia me esquecendo, mas está tocando agora Outsiders, outra puta composição desses caras de Glasgow.
Tonight, album lançado em 2009, tem um estilo despretencioso mas envolvente. É um tipo de música que você começa a dançar quando tá bebendo, olha que eu falo por experiência própria…
É um trabalho com uma mixagem mais experimental, algo que o Killers já vinha fazendo com sons e alguns efeitos mais eletrônicos. É possível perceber isso na música No You Girls. No entanto, nesse album o Franz não deixa de lado a clareza musical do rock europeu quando rola uma música com levadas lentas de bateria, como em What She Came For, por exemplo.
Arctic Monkeys
Os meninos dessa banda são uns danadinhos! Falando sério agora, não posso considerar apenas como uma das melhores bandas dos ultimos tempos como me parece inegável que a música deles é pura como um rock deve ser.
Então adolescentes, eles começaram a tocar literalmente na garagem de casa e não tinham muito dinheiro para gravações profissionais, mas as cópias do material que eles distribuiram pela Inglaterra em 2004 se multiplicaram muito rápido porque as pessoas curtiram e disponibilizaram para download na internet.
No Primeiro lançamento, já pela mesma gravadora do Franz, a Domino Records, a música I Bet You Look Good On The Dance Floor foi muito elogiada por revistas especializadas e também por outros músicos. O talento deles é notável. As letras são o que há de mais criativo em termos de composição, Fake Tales of San Franscisco também é um exemplo disso.
Foi com o segundo trabalho, Favourite Worst Nightmare, de 2007, que eles ficaram conhecidos além da Europa. É um album muito bem produzido, com faixas de um rock n’ roll energético e um vocal que soa algo intransigente, assim como os maiores nomes da história da música. As excelentes Teddy Picker, Brainstorm, Do Me A Favour e This House Is A Circus mereciam mais exposição, mas foi uma das mais leves do album, Flourescent Adolescent, que tocou nas rádios do mundo todo.
The Strokes
Essa banda de New York City foi acusada de salvar o rock. Sim, porque o album Is This It figura em 100% das listas de melhores da história. Mas a escolha não é injusta, os Strokes fizeram um trabalho tão simples e tão real, sem recorrer muito às parafernálias de mixagem em estúdio que modificam – algumas vezes em excesso – o som da banda e de certa forma fazem com que as faixas percam o ‘espírito’. Não, eles criaram tudo na base da inspiração própria. O resultado foi de extase para milhares de ouvintes e fãs.
Faixas como Barely Legal, Last Nite e Take It Or Leave It são consideradas um retorno do rock de garagem e influenciaram a sonoridade de quase todas as bandas das quais estou tratando neste post, tanto pelo estilo despojado dos instrumentos quanto pelo vocal rouco de Julian Casablancas.
Mas os trabalhos seguintes da banda geraram certa controvérsia. Room on Fire e First Impressions of Earth, como é comum na evolução das boas bandas, incluem influências de varios estilos musicais e nem todas as faixas agradam aqueles que idolatram Is This It. Mas sem dúvida, músicas como What Ever Happened? , Reptilia e Heart In A Cage tem qualidade musical indiscutível e provam a evolução musical dos Strokes.
Os integrantes, todos nascidos em berço de ouro e tendo frequentado as melhores escolas, foram ‘adolescentes de relações com o alcoolismo’, especialmente Julian Casablancas. Ao que parece, isso contribuia ainda mais para a fama da banda de ‘rock sujo’ e para a vendagem de discos. Hoje os integrantes tem outros projetos, mas especula-se por aí que um quarto album estaria meio pronto e que poderá ser lançado em 2011. Tomara.
twitter @Catiaaaaaa